Quinta da Freixeira

Quinta da Freixeira

Arquitectura, Loures, Portugal

A Quinta da Freixeira situa-se na freguesia de Lousa, no concelho de Loures. O território da Lousa é muito rico morfologicamente, sendo cercada pelo triângulo montanhoso desenhado pelas serras da Atalaia, Carregueira e Serves. Na verdade, a Quinta da Freixeira localiza-se numa das margens da ribeira de Sacavém ou do rio Trancão, numa posição elevada no vale, dispondo de uma boa exposição solar a Sul e a Oeste e apresentando declives moderados. A Quinta da Freixeira é um importante marco histórico para o concelho. Esta terá sido edificada na primeira metade do século XVIII, numa época de forte dependência agrícola. Aqui localizava-se o solar rural onde D. João V parava no seu caminho de inspecção às obras do Convento de Mafra. Este edifício e os seus jardins podem ainda ser visitados actualmente. No século XX, transformou-se num importante pólo industrial dedicado à produção de azeite, óleo de soja e ração de animais. Hoje degradados, os edifícios industriais têm um grande impacto na paisagem pois apesar de devolutos, ocupam uma área de cerca de 1200 m2. 


Propomos, como princípio fundamental, a salvaguarda da identidade do complexo industrial, demolindo alguns elementos degradados ou dissonantes. Garantimos uma intervenção estruturadora que mantém os limites físicos de alguns edifícios, celebrando a memória histórica por meio da conservação de uma imagem que se adapta às novas exigências espaciais e programáticas, sem recurso a escavações.


Para responder ao programa e ao sítio, desenhamos uma linha circular que se agarra à forma natural do terreno e engloba o complexo industrial. Este círculo, rede rodoviária, define a privacidade do nosso projecto: dentro criamos a nova centralidade;  fora espraiam-se pelas linhas do terreno a habitação em casas geminadas e isoladas. 


O centro é o coração da proposta: uma zona reservada a um hangar com comércio, espaços de cowork, start-ups, oficinas, zonas lounge e de restauração, museu, residências artísticas, comércio, centro desportivo, jardim de infância e serviços. 

Ainda dentro desta zona, propomos a localização das residências sénior que envolvem o núcleo central. A implantação permite a fluidez de mobilidade para a zona central, como a criação de pátios que desenham um outro tipo de espaço exterior, mais privado, mais contido.  


Próxima ao centro está a U.C.C.I., no terreno sul, que pretende proporcionar a tranquilidade necessária aos usuários, não os separando do restante programa.


O espaço público comunica através de três praças em cotas diferentes, ligadas por um eixo central que o atravessa. O jogo de praças e a articulação entre os diferentes programas promovem a socialização, criando modos de ligação comunitária.


Desenhamos a zona habitacional através de um jogo de lotes desencontrados, cuja implantação se adaptada à modelação do terreno, evita a criação de tuneis de vento, e promove as vistas das habitações. 


As casas geminadas são desencontradas, privilegiando a privacidade de cada casa. Em conjunto com as casas isoladas, constroem esculturas no terreno, com diferentes sombras, ritmos e afastamentos, desmaterializando a escala do loteamento. O espaço comum varia entre estacionamentos em zona de relva, zonas verdes arborizadas, parques caninos, um campo desportivo e hortas comunitárias. 


A mata adjacente às casas está abrangida por um plano que prevê a introdução de arvoredo diversificado e autóctone de modo a proteger o solo e convocar a biodiversidade. O novo passadiço liga diversos pontos do terreno e serve como ferramenta eficiente na gestão territorial de incêndios, pois desenha múltiplas plataformas que permitem uma ampla observação sobre o terreno. 


No espaço central a proposta reforça a identidade arquitectónica marcante do complexo industrial através de estruturas metálicas pré-fabricadas, novas e aproveitadas, recorrendo às cores e materiais da chaminé e dos silos que mantemos. A introdução de diversos elementos verdes na fachada melhora a qualidade do ar, permite um controlo térmico, redução de ruído, protecção solar, e melhora o equilíbrio ecológico, assumindo esta fachada como uma pele com diversas tonalidades e olfactos. Apelando ao convite, ao conforto e bem-estar, desenhamos uma rede de canais que aproveita a água das chuvas, minimiza a amplitude térmica, sugere a fertilidade destes espaços, reflecte o céu e insinua os sons que se tornarão memória.


Nas residências sénior e nas habitações propomos como solução a construção em madeira sólida “CLT” em concorrência com sistemas baseados em betão. Não só reduz as emissões globais em carbono, como também é um sistema inovador do qual já temos experiência ser uma resposta eficaz a este programa. É auto-portante, reduz meses de construção pela facilidade de fabrico e montagem rápida, e oferece soluções de custo competitivo para sistemas de construção tradicionais 3 a 4 vezes mais rápido. Os painéis CLT apresentam uma melhor resistência ao fogo e sísmica, e melhores propriedades de isolamento acústico e térmico.


LocalizaçãoLoures, Portugal
Tipo de ProjectoUrbanismo
Ano2020
Área23570 m2
PromotoresPrivado

ArquitecturaLuís Rebelo de Andrade
Tiago Rebelo de Andrade
Marta Pinheiro de Almeida
Pedro Duarte Silva
Raquel Jorge
António Martins
Beatriz Brinco
Francisco Magalhães e Menezes
Luís Jardim
Rita Serra e Silva
João Telhado
Design GráficoThomaz Ribeiro Bondioli
Arquitectura PaisagistaGet Out, Arquitectura Paisagista
EngenhariaNewton, Consultores de Engenharia Lda
3DEduardo Queiroz

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